Batalha do Mar de Coral - Análise parte 1 |
Escrito por Sidnei Eduardo Maneta |
Qui, 04 de Abril de 2013 00:00 |
A quinta divisão de porta-aviões estava equipada com os mais novos porta-aviões japoneses no início da guerra do Pacífico. O IJN Zuikaku foi comissionado em setembro de 1941. Boa parte das tripulações destes dois porta-aviões era de certa forma inexperiente quanto a participação em missões de batalha, mas o grande tamanho e a estrutura para acomodar e manobrar aviões os tornaram indispensáveis para a operação Pearl Harbor, ocorrida em dezembro 1941. Sob o comando do contra-almirante Chuichi Hara, eles participaram em conjunto com os outros porta-aviões da Kido-Butai desde o início da guerra. Todavia, no meio de Abril, a quinta divisão de porta-aviões foi destacada para dar suporte aos desembarques japoneses na Nova Guiné, em Port Moresby, previstos para o início de Maio. No Mar de Coral, localizado ao norte da Austrália, ocorreu uma batalha nos dias 7 e 8 de maio contra uma força de porta-aviões americana que apareceu inesperadamente. Os resultados deste engajamento foram pesados. O IJN Shokaku foi atingido por 3 bombas, que o colocaram fora de combate. O IJN Zuikaku escapou de danos físicos, mas seu grupo aéreo estava em frangalhos. Os dois porta-aviões retornaram para o Japão. O IJN Shokaku chegou no dia 17 de Maio, conseguindo evitar o ataque de submarinos americanos. Neste processo o IJN Shokaku quase emborcou por causa dos mares agitados que enfrentou e dos danos recebidos em batalha na proa. O IJN Shokaku iria ficar em reparos até o final de Junho. Só retornou a ativa em 14 de julho. O IJN Zuikaku chegou no dia 21 de Maio. O IJN Zuikaku estava nominalmente operacional, mas seu grupo aéreo não estava, e precisaria de meses para ser reconstituído. Portanto, os dois porta-aviões não tinham a menor condição de participarem da operação MI, o ataque a Midway, que se iniciaria no dia 27 de Maio. Se os tripulantes e membros da primeira e segunda divisões de porta-aviões estavam preocupados com esta ausência, ninguém demonstrava isso. Por que deveriam? Os porta-aviões restantes (IJN Akagi, IJN Kaga, IJN Soryu e IJN Hiryu) faziam parte de uma formação de elite com ou sem a participação da quinta divisão. Quando o IJN Shokaku chegou cambaleando em Kure no dia 17 de Maio, o almirante Ugaki esteve a bordo para observar dos danos. Ele escreveu em seu diário o sentimento de grande piedade pelos tripulantes feridos deste navio, sendo que alguns estavam terrivelmente queimados. Ele deveria ter refletido sobre esta experiência da quinta divisão como sendo um presságio para a operação MI. Finalmente, os japoneses deveriam tentar reorganizar o grupo aéreo do IJN Zuikaku em tempo para participar da operação MI. Infelizmente, a forma de organização do grupo aéreo de um porta-aviões japonês era um empecilho a esta participação. Diferente dos esquadrões americanos, que eram independentes e substituíveis, e que podiam ser transferidos de um porta-aviões para outro conforme a necessidade, cada grupo aéreo japonês fazia parte orgânica de seu próprio porta-aviões. Como tal, se um porta-aviões ou seu grupo aéreo fossem bastante afetados em decorrência dos combates, os dois seriam retirados até que pudessem ser restaurados. Este tipo de organização era bastante inflexível se comparado ao tipo de organização americana dos grupos aéreos. Mas, se alguma vez se fez necessária uma improvisação, este era o momento ideal. Para a ressurreição do grupo aéreo do IJN Zuikaku se fazia necessário utilizar todos os recursos disponíveis, tanto em homens como em aviões. E estes recursos pareciam disponíveis. Quando o IJN Zuikaku retornou ao porto de Kure, ele carregava seus próprios aviões e alguns refugiados do IJN Shokaku. Estes aviões totalizavam vinte e quatro caças “Zero”, nove bombardeiros de mergulho “Val” e seis torpedeiros “Kate”, todos operacionais. A bordo estava ainda um segundo grupo formado por um caça “Zero”, oito bombardeiros de mergulho “Val” e oito torpedeiros “Kate”, todos precisando de reparos que poderiam ser feitos sem grandes problemas. Isto significava um grupo aéreo totalizado cinqüenta e seis aviões, sendo vinte e cinco caças “Zero”, dezessete bombardeiros de mergulho “Val” e quatorze torpedeiros “Kate”. Este grupo era inferior em apenas sete aviões de seu complemento total. Temos que admitir que este grupo seria formado por aviadores que não tinham treinado juntos anteriormente. Mas se existia uma coisa boa na Marinha japonesa era o fato do alto grau de homogeneidade das táticas japonesas. Isto seria comprovado mais tarde em outras batalhas. É difícil deixar de concluir que o IJN Zuikaku poderia ter participado da operação MI se a sua presença fosse considerada vital pelo alto escalão da Marinha japonesa. Aparentemente Yamamoto não sentia esta necessidade da participação do IJN Zuikaku como algo urgente. A inteligência japonesa estimava que os americanos tivessem no teatro de operação do Oceano Pacífico dois ou no máximo três porta-aviões. Para os oficiais do alto comando japonês havia um consenso: a guerra se desenvolvia bem demais para os japoneses. BIBLIOGRAFIA: TRADUÇÃO: Sidnei Eduardo Maneta (Japonês) |